Documentário sobre Jair Rodrigues chega aos cinemas

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Com direção de Rubens Rewald, “Jair Rodrigues: Deixa Que Digam” estreia dia 27 de abril


“Dizem que em algum lugar, no Brasil, existe um homem feliz”, é com esta frase de Vladimir Maiakovski, que Rubens Rewald encerra seu documentário sobre a trajetória de Jair Rodrigues. Estourando em todo o Brasil no decorrer dos anos 1960, auge da ditadura militar, o cantor era a alegria personificada em artista, e as nuances que permeiam seu riso largo são aprofundadas em “Jair Rodrigues: Deixa Que Digam”. 

“Quando se faz um filme, é importante que a narrativa tenha conflito. Eu tinha como objetivo pesquisar se era um mito ele ser tido como o homem mais feliz do mundo. Queria encontrar uma zona de sombra no personagem. Perguntamos sobre Jair aparentar tristeza e ninguém nunca viu. Era pura alegria. Então, fizemos um longa que mostra a realidade de Jair, essa pessoa que representa um país alegre, otimista, que não existe mais. Representante de um país que se perdeu e está tentando se recuperar”, comenta o diretor Rubens Rewald.

Após ser exibido no festival É Tudo Verdade, em 2020, e vencer na categoria de Melhor Filme pelo Voto do Público na Mostra XIII Brazilian Film Festival, de Chicago, em 2022, o longa chega aos cinemas pela distribuição da Elo Studios. Nascido em um canavial de Igarapava (SP), em 1939, Jair trabalhou na roça até seus 10 anos. Antes de perseguir o sonho de ser cantor, foi engraxate e alfaiate – chegou a fazer dupla sertaneja com seu irmão, tornando-se “Jair e Jairo”. Mas logo conquistou o país com sua irreverência e potência musical.

O filme, produzido pela Confeitaria de Cinema, traz imagens de arquivo e entrevistas com personalidades como Rappin’ Hood, Salloma Salomão, Raul Gil, Roberta Miranda, Bruno Baronetti, Hermeto Pascoal, Moisés da Rocha, Armando Pittigliani, Mister Sam, Theo de Barros, Simoninha, Solano Ribeiro, Carlinhos Creck, Paulinho Dafilin, Marcelo Maita, Giba Favery e Zuza Homem de Mello – em um dos últimos registros do musicólogo, falecido em 2020. Os filhos do cantor, Luciana Mello e Jair Oliveira, seu irmão Jairo Rodrigues e sua esposa, Claudine Rodrigues, também compartilham lembranças vividas ao seu lado. À convite do diretor, Jairzinho interpreta seu pai em diversas passagens importantes e reflexivas do documentário.

O longa caminha entre momentos marcantes de Jair como apresentador no programa “Fino da Bossa”, ao lado de Elis Regina; a interpretação da música “Disparada”, de Geraldo Vandré e Theo de Barros; à sua liberdade artística em meio à ditadura militar, quando dava a parecer não se posicionar sobre política e não falar sobre racismo: “Jairzão não era um artista que se mostrou militante, mas nas entrelinhas, militava”, diz Rappin’ Hood em depoimento ao filme. 

Para o músico e pesquisador Salloma Salomão, “não era possível ter um ativismo contundente nos anos 70. (…) Racismo impõe que os negros sejam afáveis, sobretudo quando estão diante de brancos. Os negros aprenderam a dosar o seu sentimento em relação ao racismo e alguns criaram arquétipos ou personagens. É um personagem para andar num mundo onde os negros não andam. Os negros podem andar no mundo do gênero samba, do samba estilo de vida, mas não nos negócios do entretenimento. Para isso, ele precisa lidar direto com os brancos, que são aqueles que detém os meios de produção do entretenimento”. 

Como uma estratégia de seguir relevante em sua arte neste período, Jair Rodrigues exaltava suas origens e a cultura negra em músicas como as do disco “Festa Para Um Rei Negro”: “Ao gravar, em 71, o samba enredo para a Salgueiro, ‘Festa para um rei negro’, (…) ele estava fazendo uma luta política, uma luta das classes mais oprimidas. Gravando compositores das escolas de samba, gravando pessoas que nunca foram gravadas”, diz o historiador Bruno Baronetti.

O documentário também aborda o lado pessoal do cantor, em imagens íntimas ao lado do filho, Jairzinho, enquanto compunham juntos, e em shows com a participação de Luciana Mello.

Sinopse:

Jair Rodrigues, o retrato de um artista brilhante e irreverente. Com um sorriso franco e versatilidade sem igual, cantou samba, MPB, rap, sertanejo e fez história no Brasil de uma outra época, marcado pela simplicidade, alegria e otimismo. 

Ficha Técnica

DIREÇÃO: Rubens Rewald

PRODUÇÃO: Fernanda Lomba, Rodolfo C Moreno e Rubens Rewald

ROTEIRO: Rubens Rewald e Rodolfo C Moreno

DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA: Sergio Roizenblit

MONTAGEM: Alexandre Lima, Guta Pacheco e Willem Dias

EDIÇÃO DE SOM: João Godoy

MIXAGEM: Toco Cerqueira

FINALIZAÇÃO: Beto Bassi

PROGRAMAÇÃO VISUAL: Sato do Brasil

ANIMAÇÃO: Átila Fragoso

ELENCO: Jair Oliveira

DIREÇÃO DE ARTE: CARLA CAFFÉ

PREPARADORA DE ELENCO: Cristiane Paoli Quito

FIGURINISTA: Nina Maria

CENOTÉCNICO: Hugo Lefort

ENTREVISTADOS: Armando Pittigliani, Bruno Baronetti, Carlinhos Creck, Claudine Rodrigues, Cristiane Paoli Quito, Giba Favery, Hermeto Pascoal, Jair Oliveira, Jairo

Rodrigues, Luciana Mello, Marcelo Maita, Mister Sam, Moisés Da Rocha, Paulinho

Daflin, Pedro Mello, Rappin’ Hood, Raul Gil, Roberta Miranda, Salloma Salomão,

Solano Ribeiro, Théo De Barros, Wilson Simoninha, Zuza Homem De Mello 

REALIZAÇÃO: Confeitaria de Cinema

DISTRIBUIÇÃO: Elo Studios

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