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Comédia policial dirigida por José Eduardo Belmonte mistura ação, sátira e crítica social ao revisitar episódio real dos anos 1980
A noite de encerramento do 57º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro foi marcada pelo reconhecimento de “Assalto à Brasileira”, longa dirigido por José Eduardo Belmonte, que deixou a plateia entre risos, tensão e aplausos. Exibido em 18 de setembro dentro da Mostra Competitiva Nacional, o filme retornou ao palco no sábado (20) para celebrar a conquista de três prêmios: Melhor Ator para Murilo Benício, Melhor Ator Coadjuvante para Christian Malheiros, além do título de Melhor Filme pelo Júri Popular.
Inspirado no famoso assalto ao Banestado, em Londrina, ocorrido em 1987 — considerado até hoje o maior assalto a banco da história do Brasil em número de reféns —, o longa recria o episódio com humor ácido e crítica social. Na época, sete homens mantiveram mais de 300 pessoas sob cárcere e exigiram uma fortuna em cruzados, enquanto a população acompanhava a movimentação nas ruas, dividida entre a indignação e uma curiosa torcida pelos assaltantes, diante do cenário de crise e inflação que beirava 400% ao ano.
Na trama, Murilo Benício interpreta Paulo, jornalista recém-demitido que se vê por acaso dentro de um assalto a banco e enxerga ali a chance de voltar às manchetes. Ao lado de Moreno (Christian Malheiros) e Barba (Robson Nunes), líderes da ação, ele se envolve nas negociações com o delegado Fonseca (Paulo Miklos), responsável por mediar o tenso cerco policial.
Durante a sessão, Belmonte destacou a importância de recuperar o espírito da época: “Quis mostrar não só o assalto, mas o Brasil daquele momento, mergulhado em instabilidade econômica e social.” Já Christian Malheiros ressaltou o clima entre o elenco: “A fraternidade entre nós foi tão forte que cada dia de filmagem se tornou prazeroso, mesmo diante do peso histórico do episódio.”
A recepção do público foi calorosa, com gargalhadas e aplausos em várias cenas. A crítica também aprovou. O jornalista Luiz Zanin (Estadão) avaliou que a obra “tem ritmo, diverte e deve encontrar boa comunicação com o público nos cinemas”. Para Maria do Rosário Caetano (Revista de Cinema), o diretor soube equilibrar os gêneros: “Belmonte fez questão de dosar ação e comédia, e o fez com o devido equilíbrio.”
Com roteiro de L.G. Bayão (“Aumenta que é Rock and Roll”), “Assalto à Brasileira” é uma coprodução da +Galeria, Santa Rita Filmes e Grupo Telefilms.
