A Filha do Rei do Pântano – CRITICA

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The Marsh King’s Daughter – A Filha do Rei do Pântano, adaptação do livro de Karen Dionne chega aos cinemas sem muito alarde apesar de ter uma grande estrela como protagonista vi pouco divulgação da obra. E o que no primeiro momento parece só mais um filme de suspense me surpreendeu positivamente, não é um filme para se passar despercebido para quem gosta de uma trama interessante que consegue gerar apreensão na maior parte do tempo.

O filme conta a história de Helena Pelletier. ( Daisy Ridley -A Rey da trilogia sequels de Star Wars). Uma mulher que tem que confrontar seu passado na figura de seu pai para garantir ter um futuro. Somos apresentados a Helena pré adolescente que vive com seu pai (Ben Menselsohn) e sua mãe (Caren Pisrius) no meio da mata.

Acompanhamos o dia a dia da “pequena sombra” apelido da protagonista, seguindo seu pai em uma rotina de explorar a floresta, aprendendo a caçar e se virar longe da civilização.
Aqui um dos pontos altos do filme é sua fotografia com ângulos e closes fora do padrão, mostrando a natureza, árvores, o chão, os animais, o voo dos pássaros em muitas tomadas dos lagos e rios com o vento passando, alguns takes demorando segundos para nos sentirmos imersos naquele ambiente, nos dando tempo para respirar junto como Helena. Entender seu olhar de união com a natureza, tudo é sentido, escutado, visto profundamente para pôr último ser dito.

Começamos com a visão de uma filha que idolatra seu pai em contraste com a distância que sente com sua mãe. Destaque para uma ótima cena da pequena Helena que nunca teve contato com a civilização percebendo um novo mundo, com relógios nas paredes, semáforos, telefones, carros e a curiosidade e medo ao mesmo tempo no olhar e nos sentidos procurando algo familiar.

Depois a trama pula no tempo e vemos Helena com 33 anos, tendo uma vida feliz com emprego, um marido e sua filha mas tudo muda quando o passado e seu pai reaparecem.
O longa tem ótimas cenas como a de Helena se abrindo com o marido e quando a direção (Neil Burger) aborda o estado psicológico e questões pós traumáticas da protagonista. E também gerando uma dúvida real se Helena está imaginando o perigo em alguns momentos. Sem dúvida a melhor atuação de Daisy.

O clima e a trilha sonora conseguem transmitir uma crescente angústia pelos personagens e podemos sentir o medo de Helena e também suas reações para proteger sua família. Apesar de alguns momentos o ritmo parecer lento ele contribui para o aumento da tensão.

No arco final quando temos um confronto tanto físico quanto emocional, o roteiro usa de mais clichês de filmes do estilo e algumas ações são fáceis de se prever, mas com ótimos diálogos e uma tensão entre os atores. O mérito da parte final é assistir nascer uma consciência dos sacrifícios e do amor da maternidade e Helena fazendo as pazes espiritualmente com sua mãe é muito bonito.

Uma pena que essa questão precisou ser verbalizada e não transmitida só pelo olhar e ações como foi boa parte do filme. Mas não tira o mérito de concluir um ótimo triller que não fica como mero entretenimento aos amantes do gênero suspense, mas também conta uma história de autoconhecimento, abuso psicológico e confiança e em especial sobre amor de mãe.

Por: Rafael Tavares

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