NOSSO Sonho – Um filme que se sonha juntos.

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Fala aí Boss, beleza? Assistimos ao filme “”Nosso Sonho” !!!

Claudinho e Buchecha foram muito provavelmente a maior dupla de funk Melody dos anos 90 e a influência do funk carioca dessa época é extremamente abrangente em nossa cultura até os dias de hoje. Desde o cenário de favela que vemos em clipes e em filmes (vide Cidade de Deus), passando pela moda (bikini verde e amarelo e camisas de times de futebol como itens sim de poder, moda e representatividade) e até mesmo, e principalmente, na música (que pra além do próprio funk, vemos influências no Hardcore, MPB e o rap nacional, bebem de influencias do funk carioca dos anos 90). O funk carioca saiu da bolha dos bailes de periferia para se tornar então febre nacional e mais tarde, até internacional, influenciando pessoas e artistas do mundo inteiro. Um som energético, alegre e dançante, mas ao mesmo tempo truculento. A música que era a cara da periferia e do favelado. E Claudinho e Buchecha são talvez os principais porta-vozes desse gênero com tanta identidade cultural, pra essa geração, quando falamos a nível nacional. E agora, acaba de sair nos cinemas uma cinebiografia para que você possa acompanhar também um pouco da energia dos “faixas” nos cinemas.

O filme parte da narrativa do encontro entre os dois protagonistas, Claudinho e Buchecha, ainda na sua infância, a amizade que construíram e como a construíram. O reencontro e o fortalecimento dessa união, a luta na vida individual de cada um enquanto tentavam se achar numa sociedade qual eles precisavam se adequar, até se tornarem a maior dupla de Funk Melody do país. Filme dirigido por Eduardo Albergaria, e roteirizado por Eduardo Albergaria, Daniel Dias, Mauricio Lissovsky e Fernando Velasco, o filme é narrado pela perspectiva de Buchecha, o integrante da dupla que está vivo, interpretado de forma bastante entregue e imersiva por Juan Paiva. Claudinho, por sua vez, é o personagem mais alegre e divertido, é interpretado maestrosamente por Lucas Penteado.

Este filme, pra além de tudo, ele me cativou pelo ambiente. Pra aqueles que como eu, não vivenciou os anos 90 (eu particularmente, nasci em 1996), o filme te convida pra uma experiência de entender e vivenciar a força e a energia do que eram os bailes funks do Rio de Janeiro no século passado. E pro carioca, ele tem um peso ainda mais de identificação. O Carioca provavelmente vai assistir ao filme e identificar muitas de suas vivências até mesmo nos dias de hoje na tela. Facilmente vai viver esse sonho junto e dizer “poderia ser eu alí”. Cenas na Avenida Presidente Vargas, na praça Tiradentes e até na rua Uruguaiana, te levam pra essa sensação de gente como a gente. Além da realidade de luta misturada com alegria da favela, os bailes funks e todo esse ambiente qual nos representa tanto. E algumas dificuldades como o alcoolismo do país, problemas familiares e financeiros, violência doméstica (não explícita, fiquem tranquilos pra ver, o filme é bem leve), pra quem também passou por isso tenho certeza que vai mexer bastante no emocional. Outra coisa que chama a atenção esteticamente, e me agrada bastante é que pela primeira vez em muito tempo, eu vi um filme brasileiro com cara de Brasil. Me chamava muito a atenção um elenco majoritariamente preto, mas com algumas misturas que dão a cara desse país. Especialmente para o recorte social que o filme se ambienta, e eu acho isso muito importante.

O início da dupla começa do nada, por muita insistência de Claudinho, até que Buchecha aceita, e nos leva juntos nessa trajetória are o sucesso deles com muita música (eu particularmente dancei na cadeira no meio do cinema sem me importar nem um pouco), e nos emociona bastante (camaradas, legem lenços, vocês vão chorar, é um aviso!). Um filme que é sobretudo, sobre amizade. Daqueles que você sai do filme chorando e querendo mandar mensagem pra todos os seus amigos. Você com certeza vai lembrar dos seus “faixas” vendo o filme. “Faixa” é o termo que eles se chamavam, que é o que representa esse sentimento de amizade, de irmandade. E você se conecta com eles durante o filme todo e sonha junto com aquela história, torce, se apaixona e vive esse sonho que não se pode terminar.

E pessoalmente, eu estava em um momento da vida desacreditado de mim, cabisbaixo. Tinha deixado de ter fé em mim mesmo, tanto no pessoal, quanto no profissional. E estava procurando algo que me alimentasse e me renovasse. E eu coincidentemente, comecei a ver vários filmes de biografias de artistas (Bohemian Rhapsody, Rocketman, Cazuza, Elis… E estou louco pra ver o da Gal que sai em breve), buscando de alguma forma na trajetória desses artistas, um estímulo, um norte pra mim, enquanto artista e indivíduo que estava perdido. E esse filme me fez me encontrar, me amar, era o filme que eu estava procurando a muito tempo, especialmente porque me vi em tela. Meu Rio de Janeiro, minha realidade, pessoas semelhantes a mim (tanto pelas cores, quanto pela forma de enxergar o mundo. E há quem diga que representatividade não importa haha). Eu saí do cinema anestesiado das minhas dores e me permitindo sonhar de novo. E eu acho que é essa a maior marca que o filme deixou pra mim, o título não é atoa. NOSSO Sonho é um filme que se sonha juntos.

O filme vai até a morte de Claudinho, e não vou deixar spoilers, mas é muito curioso como dá a entender que ele sabia que iria partir em breve. Conta como foi o último show e a sua partida. Sobre o recomeço de Buchecha e termina numa linda homenagem. Simplesmente um filme que vai te ADJUDICAR com essa linda história.

Por: Jonathan Motta

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