Cyclone, novo filme de Flavia Castro, estreiou na 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo neste sábado (18)

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Inspirado em uma história real, o longa ambientado no início do século XX revisita as transformações de São Paulo sob uma perspectiva feminina e contemporânea.

A diretora Flavia Castro, conhecida por obras sensíveis e autorais como Deslembro, apresenta ao público seu novo longa-metragem, “Cyclone”, que fez sua estreia paulistana neste sábado (18) na 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. A exibição marca um dos momentos mais aguardados do festival, já que o filme dialoga diretamente com a cidade — não apenas como cenário, mas como elemento vivo e simbólico da narrativa.

Protagonizado por Luiza Mariani (Todas as Canções de Amor), Cyclone se passa no início do século XX, período de intensas mudanças urbanas e culturais em São Paulo. A trama acompanha uma jovem mulher que sonha em ser dramaturga no Theatro Municipal, enfrentando as barreiras de uma sociedade patriarcal enquanto busca espaço e voz no universo artístico da época.

A capital paulista é retratada como um organismo em constante transformação. O som das construções, o ruído dos bondes e o movimento apressado das ruas criam uma trilha sonora própria que reflete o turbilhão emocional da protagonista. Para Flavia Castro, esses sons têm o papel de aproximar o público da personagem e, ao mesmo tempo, do presente.

“Esses ruídos de uma cidade em construção são universais. Eles nos ligam ao agora às metrópoles contemporâneas e aos desafios que continuam a existir, principalmente para as mulheres”, comenta a diretora.

Mais do que um filme de época, Cyclone é uma ponte entre passado e presente. O roteiro, assinado por Rita Pfiffer (Paradeiros), revisita dilemas femininos que, segundo Flavia, permanecem atuais.

“As mulheres de hoje se reconhecem nessa história. Mudamos muito, mas os retrocessos ainda acontecem. É uma narrativa do início do século XX, mas poderia facilmente se passar no Brasil de agora”, reflete.

A opção estética de Castro foi fugir da reconstituição histórica tradicional. Em vez de se apoiar em grandes planos do Theatro Municipal ou em figurinos exuberantes, a cineasta escolheu filmar a partir da subjetividade da personagem, explorando sua percepção, seus sonhos e suas inquietações.

“Não queria fazer um filme de época clássico. Queria estar o tempo todo dentro da cabeça da Cyclone. A cidade que vemos é a que ela sente — viva, pulsante, contraditória.”

Livremente inspirado na trajetória de Maria de Lourdes Castro Pontes, única mulher participante da coletânea O Perfeito Cozinheiro das Almas deste Mundo, de Oswald de Andrade, o filme apresenta uma protagonista que divide o tempo entre o trabalho em uma gráfica e o desejo de escrever peças teatrais. Ao conquistar uma bolsa para estudar em Paris, ela percebe que o verdadeiro obstáculo para seus sonhos é ter nascido em uma sociedade que ainda tenta controlar os corpos e as ambições femininas.

O elenco conta ainda com Eduardo Moscovis (Ela e Eu), Karine Teles (Benzinho), Luciana Paes (Sinfonia da Necrópole), Magali Biff (Pela Janela), Rogerio Brito (Um Ano Inesquecível – Primavera) e Ricardo Teodoro (Baby).

Produzido pela Mar Filmes e Muiraquitã Filmes, em coprodução com a VideoFilmes e a Claro, Cyclone chega aos cinemas brasileiros em 27 de novembro, com distribuição da Bretz Films. Antes disso, o público poderá conferir o longa em duas sessões especiais durante a Mostra de São Paulo: neste sábado (18) e no domingo (26).

Entre memórias, ruídos e sonhos, Cyclone reafirma a força do olhar feminino no cinema brasileiro — um olhar que transforma o passado em espelho do presente.

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