Documentário dirigido por Joe Pimentel, com narrativa conduzida pelo sobrinho do artista, revela a trajetória e a alma criativa de um dos maiores nomes da arte abstrata brasileira
O universo cromático e emocional de Antonio Bandeira, um dos maiores expoentes da arte moderna brasileira, ganha novos contornos no documentário “Antonio Bandeira – O Poeta das Cores”, que acaba de ter seu trailer e pôster oficiais divulgados. Com lançamento nacional marcado para 10 de abril, o filme tem direção de Joe Pimentel e distribuição da Sereia Filmes. A produção é conduzida por Francisco Bandeira, sobrinho do artista, e oferece um mergulho profundo na história, nas obras e no legado do pintor cearense que conquistou a Europa com sua arte intensa e intuitiva.
Premiado no Cine Ceará 2023, onde levou o Troféu Mucuripe de Melhor Longa da Mostra Olhar do Ceará, o documentário vai além do retrato biográfico. Ele se propõe a desvendar a alma do artista, reunindo depoimentos de curadores, críticos e colegas de profissão que analisam a evolução técnica e estética de sua obra, além de contextualizar sua importância dentro e fora do Brasil.
Nascido em Fortaleza, em 1922, Bandeira teve uma trajetória marcada por rupturas e reinvenções. Após os primeiros passos no cenário artístico cearense, foi para o Rio de Janeiro em 1945 e, em seguida, para Paris, onde estudou em prestigiadas academias antes de romper com o ensino acadêmico e buscar novas formas de expressão através do cubismo, do fauvismo e, mais tarde, do abstracionismo lírico. Na capital francesa, fez história ao lado de artistas como Camille Bryen e Wols, com quem fundou o grupo Banbryols, expandindo sua atuação para salões de arte internacionais.
O documentário acompanha essa jornada de transformação — desde as primeiras pinceladas em Fortaleza até o reconhecimento em salões europeus, passando pela participação nas duas primeiras Bienais de São Paulo e pela amizade com nomes como Pietro Maria Bardi, que o descreveu como “inconfundível”.
Além de sua pintura vibrante e experimental, o longa também apresenta facetas menos conhecidas do artista, como seu trabalho com poemas e litogravuras, sua inclusão de materiais inusitados como miçangas e isopor nas telas, e sua busca incansável por uma linguagem própria — que, para ele, “não era pintar quadros, mas fazer pintura”.